Há muitos anos, havia uma menina que gostava de brincar no borralho da fogueira, gostava de sentir o orvalho no musgo da pedra na eira, que gostava de sonhar debaixo do cheiro resinado dos pinheiros. Havia uma menina que era feliz a perder-se pelos caminhos da serra e a fingir que tudo lhe falava e que tudo era parte dela. Os limites físicos não existiam. Essa menina um dia fechou o coração a esse mundo. Anos mais tarde essa mesma menina, agora mãe e esposa, sentiu o pulsar de algo que lhe era tão familiar no centro de um livro e algo lhe despertou a curiosidade. Ao mergulhar no livro, quantas imagens abençoadas, quantas palavras que poderiam ser as suas, com uma mão estendida semeando as migalhas que lhe indicam um possível retorno a casa. A casa da Heroína que temos em cada uma de nós, mas que por diferentes motivos se perdeu uma e outra vez ao procurar a sua casa fora de si. O livro da Ana não te diz qual o teu caminho de retorno a casa, mas mostra que todos os caminhos são possíveis, que a viagem seja ela por onde for é bela e que a nossa bússola se encontra disponível em nós, que fazemos parte do Universo, e se encontra no Universo que faz parte de nós. Já éramos heroínas antes da jornada, a Jornada faz-nos reconhecer a heroína em nós.