Saí de casa para escutar o meu eco livre da projecção de si mesmo. Saí de casa porque, a casa confina protege o que em mim - só sobrevive em quatro paredes. Saí de casa porque, as palavras estavam viciadas e o ar já não transbordava promessa nem possibilidade. Quem somos nós? Para lá das paredes que confinam e protegem as imagens de nós mesmos. Quem somos nós? Quando o vento agride o equilíbrio e desafia o viciado sistema vestibular. Quem somos nós? Quando a estrela polar é capaz de indicar, não quem somos, mas onde estamos? Quem somos nós? Quando o verbo Ser perde seu obsessivo trono e Estar passa a ser corpo, contorno volumoso relação viva e co dependente. Seremos então, os contornos definidos pelo brilho de uma estrela? Uma dança de elementos imprevisível nascendo e morrendo uma e outra vez, enquanto os olhos do tempo derramam suas lágrimas ausência… Será a estrela polar grande anciã a que sustenta a lanterna, a que liberta o eco, a que ilumina a estrada de regresso - casa? De regresso, ao coração do tempo. Ao perigoso desconhecido agora. Ana Alpande
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Subscreve a Poética do Abraço