Acalento vários lutos dentro de mim – o luto é uma expressão do Amor.
Deixei de ter vergonha em expressar o quanto sofro com a morte dos que amo. Deixei de ter vergonha de assumir que o meu coração é tão grande que consigo conter dentro de mim o mundo e ainda assim caminhar de anca solta.
O luto é uma expressão do Amor
Umas vezes carrego o mundo nos ombros, outros entrego-o ao vento, no cume da montanha mais alta, num momento de lucidez momentânea onde o meu ego finalmente entrega o que não é seu para carregar.
O luto é uma expressão do Amor.
E permito-me amar, ah se permito, cada vez mais, sem dó nem piedade, sem medo, sem reservas, justificações ou desculpas.
O luto é uma expressão do Amor.
Ouso sentar-me em frente a quem perdeu tudo, ouso respirar o medo surdo da minha mente, medo de também eu ser vítima da tragédia alheia, como se as tragédias fossem doenças infecto-contagiosas.
Sento-me no alto da minha humanidade e olho o luto dos outros nos olhos, sem medir tamanhos, sem pesar dores, sem me achar mais ou menos digna de lamentar as minhas penas, mais ou menos digna de sofrer as minhas dores.
A dor não é uma competição… nem o luto.
O luto é apenas uma expressão do Amor.
E há dias em que a intensidade que me rasga o peito não pode ser entendida, nem comportada pelas almas mais sábias e empáticas.
Preciso subir a Serra, mergulhar as minhas lágrimas nas águas que brotam da pedra e gritar à grande Mãe:
a minha dor é a tua dor, entrego-ta.
o meu amor o teu amor, ofereço-to.
E assim o ar generoso, a rocha firme e a água maternal reafirmam-me o que no fundo eu sempre soube.
Não estou sozinha, nem no luto, nem no amor.
Crédito da Imagem: Hugo Alves
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