Lua Nova em Gêmeos

Lua Nova em Gêmeos

LUA NOVA EM GÊMEOS

Chegámos à Lua Nova de Gêmeos!

Para mim Gêmeos é o signo que possui a chave para chegar ao Unicórnio, o Centro do Mapa Astral onde todos os opostos se convertem na unidade.

Na Lua Nova o Gêmeo que está nas trevas fala mais alto, e na sua voz podemos ouvir os murmúrios daquilo que em nós precisa vir à luz da mente.

Por causa desta busca incessante de um Gêmeo pelo outro, muitas vezes o maior desafio representado pelo arquétipo de Gêmeos é o desafio de permanecer tempo suficiente numa conversa ou numa ideia, para realmente poder ouvir a outra parte, pois quando Gêmeos comunica muitas vezes o que ele busca é o reflexo daquele que está escondido, mesmo que inconscientemente, então nem sempre a comunicação em Gêmeos é direcionada, muitas vezes ela responde a um impulso que vem do inconsciente, uma espécie de contenda incessante em busca de algo que foi perdido, o problema é que esta conversa com o que está escondido, pode suscitar no outro incómodo e dificuldades em se relacionar com o que a pessoa de Gêmeos está a projetar.

Então, esta Lua Nova é muito importante para avaliarmos a nossa capacidade de comunicar.

Como está a nossa comunicação?

Somos ouvidas?

Sabemos realmente ouvir o outro e a nós mesmas?

Estamos a ser honestas em relação aos nossos sentimentos?

E com que verdade estamos a ser capazes de comunicar o que realmente sentimos?

Gêmeos também nos fala da forma como aprendemos, como processamos a informação, e esta Lua é também uma oportunidade para refletir na qualidade da informação que andamos a consumir e na nossa capacidade de a reter para depois a passar ao outro, partilhá-la fazê-la circular…

Parece pouca coisa, mas… se não soubermos comunicar connosco mesmas como é que alguma vez seremos capazes de saber as nossas reais necessidades? O que realmente precisamos?

Auto-Cuidado

Fala-se muito de auto-cuidado nestes dias, que temos que saber cuidar de nós, colocar-nos em primeiro lugar, mas torna-se muito difícil colocar as nossas necessidades em primeiro lugar, se o nosso diálogo interno insistir em que não somos merecedoras, ou em que temos que provar algo aos outros, a crença de que se abdicarmos do nosso tempo e espaço seremos finalmente merecedoras de atenção e amor. Então numa Lua Nova, dedicada à comunicação, temos a oportunidade de invocar a capacidade de saber cultivar conversas interiores mais gentis, bondosas e inteligentes.

Como andamos a cuidar dos nossos diálogos internos?, daquelas frases repetitivas, semiconscientes que fazem prevalecer padrões de auto-sabotagem e punição?

Com a energia de Gémeos, podemos aproveitar para trazer equilíbrio a esses diálogos. Não se trata de suprimir a voz da crítica interna, ou mandar calar a mãe castradora e outras que tais, mas sim argumentar com elas, criar um debate saudável, para que estas personagens que criámos num instinto de auto sobrevivência no nosso passado ( ou que herdamos das mulheres da nossa linha ancestral ), possam saber que a sua verdade não é a única, que talvez estejam a defender pontos de vista ultrapassados. É preciso educá-las, fazê-las entender que há mais escolhas, mais possibilidades.

É tão importante aprender a comunicar com a nossa mente quanto aprender a ler e respeitar as nossas emoções.
Este é o caminho para uma comunicação mais empática e amorosa para connosco, com as nossas relações mais próximas e toda a nossa comunidade alargada, o caminho verdadeiro do auto-conhecimento e da auto-observação.

Os benefícios da escrita expressiva

No seu livro Expressive Writing, o investigador James Pennebaker explica como é que a escrita expressiva, praticada diariamente, pode ajudar pacientes em stress pós-traumático a terem uma melhora significativa dos seus sintomas em poucos dias. Durante anos, James conduziu um estudo com apoio dos seus alunos universitários, sobre a prática da escrita diária em pacientes com transtornos mentais, e descobriu que escrever sobre as nossas emoções pode melhorar a nossa saúde física e mental.

No entanto como eu já previa, nem todas as pessoas beneficiam da escrita expressiva, através do seu estudo James pôde constatar que a escrita terapêutica tem algumas regras que implicam o uso de palavras que expressam uma quantidade generosa de: emoções positivas e o uso moderado de expressões negativas, o aumento de palavras cognitivas e alterações aos pronomes, de “me” e “ele/ela” para “eu” e “nós”, James descobriu que as pessoas que beneficiam da escrita expressiva, expressam mais otimismo, reconhecem eventos negativos e estão a construir uma história que dá significado à sua experiência, possuindo a capacidade de mudar de perspetiva enquanto escrevem.

Escrevi toda a minha adolescência até aos 22, uma escrita intuitiva e criativa, voltei a escrever diariamente aos 30 por uma necessidade básica, tinha mudado para o interior de Portugal e precisava de falar com alguém sobre as mudanças radicais que estavam a acontecer na minha vida, não querendo passar longas horas ao telefone com amigas, comecei a fazer dos meus cadernos uma espécie de muro de lamentações, às vezes lá acontecia uma escrita mais interessante e criativa como nos anos áureos da minha busca espiritual, mas a grande maioria eram apenas desabafos, uma espécie de saco onde ia colocando pensamentos soltos e diálogos internos persistentes, naquela altura andava à procura de um lugar de pertença e o caderno era a minha testemunha. Percebi aos 33 que este lugar de pertença que nunca mais chegava não era um lugar físico, mas sim um lugar interno, de enraizamento e conexão com os ciclos da vida/morte/vida e da natureza, a única coisa constante no nosso mundo sempre em mutação.

Seguindo parâmetros parecidos com os de James, fui-me treinando ao longo dos anos a aproveitar melhor o meu encontro diário com o meu caderno, o curso a Arte de Tecer a Vida (ver link), trouxe-me a par dos objetos de poder, exercícios de escrita que passei a utilizar conforme as minhas necessidades e a usar em consultas com os meus clientes de Astrologia. Foi também nessa altura que comecei a seguir os ciclos da Lua, e utilizar a mandala lunar como “desculpa” para regressar ao meu caderno todos os dias, um gesto simbólico de regressar a casa, à minha casa interna e de regar e fertilizar o meu terreno interno.

Todos os dias ofereço-me a oportunidade de direcionar o meu olhar para o meu sentir, em vez de ir para onde a mente manda.

Todos os dias ofereço-me a oportunidade de estar em relação comigo mesma e com o que acontece à minha volta, o foco, por momentos, deixa de ser o “eu” passa a ser o “nós”, o que aprendi com a minha prática, foi que o verdadeiro auto-conhecimento não acontece só porque me auto examino até a exaustão, o auto-conhecimento ocorre quando cultivo a capacidade de me observar em relação com o mundo que me rodeia e a partir daí auto-educar-me, com o mesmo amor e compreensão com que acompanho e educo o meu filho e todas as crianças com quem tive a honra de trabalhar.

A escrita é a minha testemunha, o meu lugar dentro dos hábitos nossos do dia-a-dia, para parar com o burburinho da mente e entrar num diálogo honesto, profundo empático comigo mesma, o mesmo tipo de espaço e comunicação que idealmente se faz presente numa sessão terapêutica. Sem julgamentos, sem chicote quando falho um dia ou vários. O meu caderno não me cobra nada, está ali incondicionalmente, aconteça o que acontecer faça as asneiras que fizer ele está sempre pronto para me receber e ouvir.

Quem sabe esta Lua Nova possa ser o ponto de partida para estreares um novo caderno, ou regressares ao antigo?

Nota: A fluidez não vem logo, como tudo na vida requer tempo, prática e persistência, os frutos… esses já estão bem documentados entre terapeutas e cientistas e acima de tudo ( o mais importante para mim) pela experiência empírica.

Desejo-vos boas e ricas conversas internas durante esta Lua.

Com carinho

Ana Alpande

Se te identificas com que acabaste de ler, talvez queiras assinar a minha newsletter mensal. A cada Lua Cheia eu envio um e-mail com novidades e inspiração e uma mandala lunar referente ao mês seguinte para imprimires e seguires o teu ciclo lunar.
Subscreve o correio da Lua Cheia

Espalha a beleza, partilha.