OS NOSSOS ANCESTRAIS SONHAM O NOSSO FUTURO
Para poder escrever neste blogue todas as semanas artigos que acrescentem algo ao nosso dia-a-dia, que inspirem reflexão e insight, eu própria preciso de ler bastante e de criar espaço dentro de mim para refletir sobre o que leio, para mastigar e digerir a informação.
Um dos livros que ando recentemente a ler e que me foi recomendado pela minha querida amiga e companheira de viagem na Arte de Tecer a Vida, Susan Merrill, é o livro: Sacred Instrucions da autora Sherri Michell.
A Sheri vive em Maine nos EUA e pertence a uma tribo de índios norte-americanos, o povo original daquela região. Eu tenho saboreado este livro bem devagar, ao falar da diáspora do seu povo, das suas crenças e da sua mitologia tão ligada à Terra, a Sherri tem-me feito pensar nos laços que nos unem a todos, e acima de tudo nos laços que me unem à minha terra e aos meus ancestrais.
Na Astrologia é a casa 4 e a Lua que me dizem como me relaciono com os meus ancestrais, o elemento do signo que abre a casa 4 pode indicar como me relaciono e posso comunicar com a minha linhagem ancestral, pode dar pistas junto com outros elementos do mapa do meu papel na cura da minha linhagem ancestral.
No livro de que falo, a Sherri conta a história de uma amiga que ao repatriar os ossos de um ancestral, foi visitada pelo seu espírito e este disse-lhe que os ancestrais estavam ao seu lado sonhando-a no futuro; os seus ancestrais tinham vivido por ela, morrido por ela e agora estavam a sonhar por e para ela.
Isto ressoou tão fundo dentro de mim! Pensei nos laços de amor que me unem ao meu pai, à minha avó e avô, aos meus tios, e fez-me todo o sentido. O meu Pai partiu quando eu tinha 13 anos e no momento que soube da notícia tive uma rasgo de sobriedade onde foi mesmo essa a mensagem que me chegou, ele iria se juntar ao meu anjo da guarda e guardar o meu futuro, sonhar o meu futuro comigo. Durante toda a minha adolescência senti a sua mão protetora, como uma presença discreta.
No entanto, a Sherri refere-se não só aos parentes mais próximos mas a toda a uma linhagem, a uma tribo. E isso confesso que é novo para mim. Até há uns 8 anos eu não pensava assim tanto em genealogia, agora faz-me todo o sentido, todo!
Trabalho com muitas mulheres onde o condicionamento genealógico se vê, se sente e é um grande tema de vida. Vejo muitas vezes com emoção curas espontâneas que abrangem tantas ramificações que de facto nos põem a pensar nesta ilusão que temos, de que estamos separadas, de que as consequências dos nossos actos afectam apenas o imediato, um espectro limitado de anos ou apenas uma ou duas gerações.
Esta na verdade parece-me a grande diferença entre nós e os povos indígenas. Eles sentem-se ligados a todas as gerações que já vieram e às que hão-de-vir, ao passo que nós normalmente andamos duas gerações para trás e duas para a frente.
É este sentido de pertença que tanto me atraí, e vejo tantas vezes no vazio, fragmentos isolados de uma memória genealógica perdida, tantas vezes espelhado nos mapas das Senhoras da Teia da Vida que me procuram, tantas vezes ligados aos nodos lunares, a Plutão, a Vénus e à Lua.
É esta vontade de nos trazermos de volta, de nos sentirmos inteiras em nós mesmas e ligadas ao Todo que nos faz a todas, partilharmos esta viagem juntas e estarmos aqui para nos ensinarmos e inspirarmos umas às outras.
Mas este livro fala ainda de um outro elemento sobre o qual tenho me debruçado há bastante tempo, e sobre o qual vou falar no círculo de astrologia sobre os elementos.
O Fogo, na Astrologia o fogo é o senhor do estado criativo puro, das imagens que dão origem à manifestação. Seja nas qualidades de Carneiro, Leão ou Sagitário, cada um destes signos é motivado por uma qualidade de imagem, ou de sonho criativo, a acção propulsora tem como origem uma imagem, um sonho. Este é o tipo de sonho que o ancestral da amiga da Sherri se referia, os nossos ancestrais sonham-nos através do fogo. E nós? Com o que é que sonhamos?
Como vocês sabem eu vivo numa região de fogos, todos os anos vejo na 1ª pessoa o resultado devastador de um fogo descontrolado, e tenho pensado muito na força do fogo tenho prestado redobrada atenção ao fogo dentro de mim e ao fogo que me é dado a observar nas pessoas com que me relaciono. A minha conclusão é que temos cada vez mais medo de sonhar. Talvez porque as previsões para o futuro não sejam animadoras, e se não são animadoras não nos atrevemos a sonhar longe, e se não nos atrevemos a sonhar longe tomamos decisões a curto prazo, e esta bola de neve rapidamente se irá desfazer contra uma parede de fogo, pois o fogo sendo energia pura, se não encontra um mestre que o domine, começa ele próprio a dominar, a alimentar-se dos medos dos homens e quanto mais medo temos, mais incontrolável fica esta força no astral.
Assim como o fogo, a imaginação também é uma força poderosa que sem mestre se pode tornar incontrolável (os ataques de ansiedade são fruto de uma imaginação descontrolada), na verdade a imaginação é filha do fogo. Primeiro imagino e depois parto para a acção. Primeiro criamos uma imagem, trazemo-la para o campo da possibilidade, respirando vida para dentro do corpo da possibilidade , até lhe dar forma, e assim a obra nasce.
Durante séculos estas imagens eram mantidas vivas através das histórias, passadas de geração em geração. Hoje em dia parece-me que uma nova mitologia está a nascer, não separada mas filha das antigas mitologias. Há novas histórias que precisam ser contadas, há sonhos que os nossos ancestrais estão a sonhar por nós que precisam da nossa criatividade para poderem ver a luz do dia, para se poderem revestir de matéria e nós precisamos escutar as suas vozes. Nós precisamos de unir os nossos sonhos aos deles.
Acredito cada vez mais que o futuro da nossa espécie depende disso.
Então parece-me que aprender a sonhar em conjunto é muito importante.
Dar voz às novas histórias, a novas imagens também.
Como podemos sonhar o futuro da raça humana? Como podemos sonhar com os nossos ancestrais o futuro da nossa existência? Como podemos oferecer o lugar do medo ao Amor?
Estas são as perguntas do futuro! E estas são perguntas bem uranianas acredito que nesta passagem por Touro este sonho dos ancestrais está a pedir a Terra de Touro e o ideal (que vem de ideia) de Úrano. Este é um tempo de respirar (Ar) para o sonho, dar-lhe vida (matéria).
Vamos sonhar juntas (os), vamos criar juntas (os). Nós somos a ponte entre o passado e o futuro das gerações que virão!
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